O que é Autoconhecimento? Decifre a confusão de se conhecer
- Marina Jordão
- 6 de mar.
- 8 min de leitura
O que é autoconhecimento?
Autoconhecimento é o processo de entender quem você é além das expectativas dos outros. É compreender suas próprias características, como valores, sentimentos e necessidades, sem a camada do que "deveria ser". Isso não significa se encontrar de uma vez por todas, porque ninguém é um "projeto acabado". Estamos e estaremos sempre em constante descoberta.
Pense no autoconhecimento como um mapa interno, cheio de coordenadas e orientações. Sem ele, é mais fácil ficar perdida, repetindo padrões e fazendo escolhas que não fazem bem. Conforme você vai entendendo o motivo de pensar o que pensa, sentir o que sente e agir como age, é possível jogar com seu cérebro e usar a força psíquica para buscar ajustes.
Nos conhecer não é só sobre saber o que nos faz feliz. É também perceber o que nos irrita, onde travamos, quais histórias contamos para nós mesmas para justificar decisões impensadas. Não é uma prática confortável, e é justamente por isso que tem tanto potencial. Entender nossa bagunça e aprender a lidar com ela nos torna mais responsáveis e faz com que a vida seja mais prazerosa, mesmo com as adversidades. Por isso, esse é o investimento mais sustentável e seguro que podemos fazer.
Qual é a importância do autoconhecimento?
Autoconhecimento pode parecer um luxo, mas é uma necessidade. Sem saber e bancar quem somos, ficamos à mercê de pressões externas, repetições e impulsos. É como viver no automático, passando frequentemente por situações desconfortáveis ou insistindo em caminhos desgastantes.
Tudo fica mais nítido quando você se conhece, favorecendo a autonomia sobre sua própria vida. O autoconhecimento também evita que você invista tempo e esforço em coisas que "não são reais". Muitas vezes, o desgaste emocional vem mais da nossa resistência em aceitar a realidade e nos movimentar do que do problema em si.
Identificar e respeitar nossas vontades e necessidades nos dão recursos para nos sentirmos melhor a médio e longo prazo, e consequentemente, construirmos uma vida coerente a isso.
Quais são os benefícios do autoconhecimento?
O autoconhecimento não elimina seus problemas, mas muda como você lida com eles. Isso permite que você tome decisões mais conscientes, regule suas emoções e direcione sua atenção para o que importa. Aqui estão alguns dos principais benefícios desse processo:
Decisões alinhadas: ao se conhecer e saber o que quer, você deixa de agir sem pensar e começa a fazer escolhas baseadas nisso. Isso vale para trabalho, relações e até pequenas decisões do dia a dia.
Melhor regulação emocional: regular as emoções não significa parar de ter sentimentos desconfortáveis. Eles fazem parte de nós e servem como alerta de que algo está desalinhado. Para isso, você precisa entender o que sente e por que sente. Essa consciência te dá condições de agir e ajustar suas respostas emocionais.
Mais autoconfiança: saber sobre seus valores, necessidades e desejos, desenvolve sua confiança própria e coragem para bancá-los. Além disso, a incerteza é inevitável, mas se conhecer ressignifica sua interpretação da vida e reduz o medo de errar ou de não ser validada.
Relações mais saudáveis: o autoconhecimento evita que você entre (ou permaneça) em relações que fazem mal. A organização interna possibilita alinhar expectativas e melhorar a comunicação.
Maior direcionamento: se conhecer e saber o que quer construir orientam suas decisões e dão mais tranquilidade quanto às renúncias.
Autoconhecimento emocional
Saber que estamos angustiadas ou irritadas é mais fácil, porque esses são os sintomas. Mas para tratar as causas, é preciso entender e aceitar o motivo de nos sentirmos assim e descobrir o que fazer a respeito.
O autoconhecimento emocional vai além de perceber o que se sente. Ele envolve identificar padrões aprendidos e os gatilhos que os ativam. Durante a infância, nosso cérebro está em pleno desenvolvimento e aprende a reagir às experiências boas e ruins. Por isso, sem perceber, podemos reproduzir na vida adulta respostas emocionais desproporcionais.
Suponha que uma pessoa cresceu com pais que incentivaram sua criatividade. Provavelmente, ela valoriza o processo criativo até hoje. Em contrapartida, esses mesmos pais estiveram ausentes por conta do excesso de trabalho, o que estimulou uma dependência emocional e dificuldade em pedir ajuda. Lembre que cada pessoa interpreta suas experiência de forma subjetiva, sendo este apenas um exemplo.
Sem atualizar padrões, seguimos reagindo no presente como fizemos no passado, quando a realidade era outra. Na infância, ainda não temos maturidade e preparo para lidar com muitas situações, especialmente as difíceis. Nosso cérebro, como uma máquina de armazenamento, guarda informações e "comandos de ação" sem filtros. No exemplo dado, pela falta de suporte e afeto, a pessoa aprendeu que ela precisava "se virar sozinha", e na tentativa inconsciente de suprir a carência, passou a buscar intensamente segurança emocional.
O autoconhecimento emocional não elimina sentimentos negativos, mas ajuda a aceitá-los e lidar com eles de forma mais equilibrada. Além disso, reduz a intensidade dessas emoções, possibilitando desenvolver autocontrole. Aprendendo a diferenciar o que é um "sentimento real" do momento e o que é um reflexo do passado, você evita atitudes impulsivas, melhora suas relações e se sente bem com mais frequência.
Autoconhecimento profissional
Muita gente sente que está no trabalho errado, mas nem sempre entende o motivo ou pode simplesmente mudar de emprego. As contas para pagar, a falta de tempo livre ou até o medo do desconhecido fazem com que muita gente permaneça onde está, mesmo insatisfeita. Mas ignorar esse desconforto não faz com que ele desapareça. Se ele existe, vale a pena olhar de perto e entender de onde vem.
Autoconhecimento profissional não é só saber no que você é boa, mas entender o que realmente te motiva, quais são seus limites e o que faz sentido para a sua vida. Sem isso, é mais fácil seguir caminhos que não têm a ver com seu perfil, aceitar condições inadequadas ou se cobrar por habilidades que você não quer desenvolver.
Conhecer-se profissionalmente não significa ignorar a realidade. Nem todo mundo pode largar tudo para buscar um trabalho "com propósito". Para muitas, a questão não é escolher entre um emprego que gosta ou um que paga as contas, mas encontrar um equilíbrio possível entre necessidade e satisfação.
Nem sempre mudanças radicais são possíveis, mas entender quem você é ajuda a encontrar saídas dentro da sua realidade. Às vezes, pequenas adaptações no trabalho atual já fazem diferença. Outras vezes, o autoconhecimento mostra que faz sentido se planejar para uma mudança maior no futuro. Quando nos conhecemos, as possibilidades se expandem e nossas decisões passam a ser guiadas pelo que é mais viável, estratégico e prazeroso.
Desenvolver autoconhecimento e consciência profissional não nos livra da realidade do mercado e das necessidades financeiras, mas nos dá o conhecimento para irmos alinhando nossos esforços e escolhas. Saber sobre suas habilidades, interesses e valores é a base para balancear necessidade e realização, sem perder de vista quem você é e o que quer construir.
Autoconhecimento comportamental
O autoconhecimento comportamental nos apoia a entender por que agimos como agimos. Ele permite identificar gatilhos, reconhecer estratégias inconscientes de fuga e perceber quais hábitos nos aproximam ou afastam do que queremos.
Nosso cérebro evita mudanças para nos proteger do desconforto. Ele cria barreiras sutis, como desatenção, sono e cansaço, ao ter que depositar energia em novas ideias que confrontam as já estabelecidas. Mas o objetivo aqui não é se encaixar em um modelo ideal, e sim diferenciar atitudes que fazem sentido daquelas que atrapalham.
Observar a si mesma exige esforço e, muitas vezes, tempo — um privilégio em uma cultura que cobra produtividade constante. A pressão para dar conta de tudo faz com que muitas pessoas só percebam o desgaste quando já extrapolaram o limite.
Pense em alguém que evita conflitos a qualquer custo por um padrão cerebral aprendido. Ceder para manter a harmonia até parece positivo, mas reprimir sentimentos com frequência pode acumular frustração, raiva e mágoa, que tendem a surgir inesperadamente e de forma desproporcional. Mudar esse padrão exige ensinar novos comandos ao cérebro. No começo, as emoções continuarão intensas, mas, com o tempo e a repetição, se tornarão mais previsíveis e amenas.
Podemos continuar evitando conflitos, mas sem nos anular. Expressar opiniões e sentimentos não precisa ser agressivo. O ajuste está mais no como se diz o que se diz.
Autoconhecimento comportamental não é buscar a perfeição, mas compreender o impacto das próprias atitudes, decidindo o que manter ou não.
Autoconhecimento: por onde começar?
Cada pessoa no mundo tem sua percepção própria da vida. Sim, isso quer dizer que a realidade que você acredita existir, é, na verdade, sua interpretação dela. Todas nossas experiências, boas e ruins, são absorvidas e processadas de um jeito totalmente único. Por isso o autoconhecimento pode ser desenvolvido de várias formas, e cada pessoa precisa experimentar e encontrar o modo adequado ao seu perfil.
Algumas pessoas preferem terapia, outras fazem arte ou praticam meditação. Também existe quem recorra à jardinagem, ou mesmo, ao tarô. De formas diferentes, o que muitas dessas alternativas fazem em comum é: estimular a auto-observação.
Observar-se significa prestar atenção em como você reage às situações, percebendo como se sente, pensa e se comporta ao lidar com o desconforto. Perguntas diretas, como “O que me incomodou?”, “Por que reagi dessa forma?” ou “Essa reação realmente reflete o que quero?” dão base para criar mais consciência. Cada vez que você conseguir fazer isso no ato em que os impulsos ocorrem, a chance de conseguir controlá-los aumenta.
O tarô pode funcionar muito bem para a auto-observação. Através de imagens arquetípicas e símbolos universais, ele mostra nas cartas o que se passa dentro e fora de você. O tarô permite olhar seu contexto de longe e pensar sobre perrengues cotidianos, o que está sentindo, ou até, habilidades que tem sem perceber. Qualquer perguntar bem feita, pode ser respondida pelo tarô. Independente da forma apropriada para você, o importante é investir no autoconhecimento.

Autoconhecimento na prática
Todas as práticas que nos apoiam a desenvolver autoconhecimento, fornecem informações, estimulam reflexões e orientam, mas, no dia a dia, o comprometimento precisa ser nosso. O que realmente traz mudanças, é o que você faz do que descobre sobre si mesma. Muitas vezes, esperamos que uma técnica ou profissional nos entregue respostas objetivas, mas não funciona assim. Esses são recursos que facilitam nosso avanço.
Autoconhecimento na prática envolve reforçar a atenção, perceber sentimentos e testar novos comportamentos, mesmo quando são desconfortáveis. É saber o que temos de bom e o que precisa ser melhorado. É se conhecer a ponto de estar bem consigo mesma, apesar das adversidades e da validação externa.
O tarô, a terapia, a escrita ou qualquer outro método são facilitadores, não soluções. Seja qual for o caminho que escolher, é preciso ser intencional. Lembre-se: autoconhecimento é o processo de irmos encaixando as peças internas para formar nosso quebra-cabeça interno. Quanto maior a parte montada, mais estamos inteiras.
Quer experimentar uma tiragem de tarô?
Há cinco anos, comecei a usar o tarô para pensar sobre emoções e atitudes e me orientar. Faço isso para entender o que sinto, direcionar pensamentos e enxergar novas possibilidades. Dois anos atrás, iniciei o estudo técnico das cartas, seus símbolos e arquétipos, e quanto mais me aprofundo, mais percebo sua conexão com a cultura e o comportamento humano, além do seu potencial para a auto-observação.
Como o tarô é imparcial e não julga, suas mensagens mostram o que precisa ser visto, mesmo quando não é o que queríamos ouvir. Com o tempo e as informações, comecei a me observar mais e, a partir das orientações, ajustei comportamentos que não me faziam bem. O processo mostrou a importância de compartilhar esse conhecimento de forma fundamentada e acessível.
Além disso, me interesso por psicanálise, filosofia e sociologia, áreas de conhecimento que embasam e tornam mais seguras as tiragens. Passei por diferentes tipos de terapia, o que me levou à autoanálise desde cedo e aproximou de quem quer regular emoções e comportamentos.
Se é seu momento de abrir o jogo, considere agendar sua tiragem de tarô. Se não for o caso, continue descobrindo a lógica por trás do tarô pelo Blog e Instagram :)
Marina Jordão é taróloga, comunicadora, pós-graduada em marketing, gestora de conteúdo e idealizadora do Fundamentarô.
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