O Que Significa a Sacerdotisa no Tarô (Tarot)? Entenda o arcano 2

A Sacerdotisa é um arquétipo que atravessa séculos na cultura representando o conhecimento profundo, a introspecção e a sabedoria silenciosa. No tarô, o arcano 2 simboliza o aprendizado que não se revela de imediato, a percepção que se constrói na observação e a paciência necessária para compreender os processos da vida. 

Sua presença pode ser percebida em diferentes momentos históricos e manifestações culturais. É provável que você já tenha ouvido falar nas deusas Ísis, Ishtar e Astarte, na Virgem Maria, ou em tantas outras figuras femininas ligadas ao saber oculto e à natureza.

Desde o Brasil colonial, a sabedoria ancestral e a resistência intelectual feminina estiveram presentes nas curandeiras indígenas, nas benzedeiras e nas mulheres que transmitem conhecimento, valorizando tradições em tempos de repressão. 

O que significa a sacerdotisa (arcano 2) no tarô?

No tarô, a sacerdotisa, também conhecida como papisa, remete ao princípio feminino (yin), em contraste com o Mago, que corresponde ao princípio masculino (yang). Enquanto o Mago é ativo, dinâmico e prático, a sacerdotisa é observadora, reflexiva e comedida. Com um livro aberto, o arcano 2 estabelece conexão com a sólida sabedoria, e sua tiara de três camadas, comunica o poder da fertilidade nos reinos celeste, terrestre e aquático.

Sacerdotisa, Tarô de Waite-Smith

Os dois arcanos ilustram a dualidade da vida: ação e reflexão, fogo e água, yin e yang. Essa ambivalência existe dentro de todos os seres humanos, independente do gênero. Por isso, todas as pessoas têm um lado feminino e outro masculino, que precisam ser reconhecidos e integrados.

A resistência de grande parte dos homens sobre seus aspectos femininos gera uma maior dificuldade de lidar com suas emoções, de serem receptivos e cuidadores. Esse desalinhamento pode resultar em comportamentos desproporcionais, guiados pela força da emoção.

Esse é um problema que surge com a socialização, que define como mulheres e homens devem se comportar para serem 'validados' como tal. O mesmo vale para mulheres desconectadas do seu lado masculino, sua versão prática, ousada e ativa.

A conexão do arcano 2 com a criação

O parto é considerado um dos maiores mistérios da vida, um acontecimento que transcende a compreensão humana e é frequentemente associado ao divino. Mesmo com avanços médicos e tecnológicos, a gravidez e o nascimento continuam a ser experiências transformadoras. A sacerdotisa é quem guarda os segredos da conexão da mulher com a criação e a vida. 

A liberdade feminina, portanto, não se trata apenas de igualdade de direitos, mas de reconhecer e valorizar o papel único da mulher e do "yin" na sociedade. É a busca pela harmonia entre princípios opostos, tanto individual quanto coletivamente. 

A Sacerdotisa, a água e a Lua

A sacerdotisa está profundamente conectada ao elemento água e à Lua, que correspondem à emoção, intuição e fluidez. Não é à toa que as fases cíclicas lunares são frequentemente associadas ao ciclo menstrual e à natureza mutável da mulher.

Assim como a Lua influencia as marés, o arcano 2 representa o fluxo e refluxo das emoções e do inconsciente. Em meio à volatilidade da vida, saber fluir é essencial.

A sacerdotisa e o arcano 2

Em um diálogo imaginário com a sacerdotisa, ela está satisfeita com sua posição, nada inferior, como número dois. O dois complementa o número um. Enquanto o um traz unidade e individualidade, o dois contempla dualidade e parceria. 

A sacerdotisa refuta a ideia de que a luz da Lua é inferior à do Sol, pois ambas são igualmente importantes. O número dois indica que a verdadeira criação ocorre quando os polos estão equilibrados, seja o Sol e a Lua, a emoção e a razão ou o consciente e o inconsciente.

A sacerdotisa (arcano 2) no plano mental

Representando os pensamentos de uma pessoa, a sacerdotisa traz alguém que observa e pensa muito bem antes de agir. Sabe quando avaliamos os fatos com cautela antes de nos posicionar?

Nem tudo precisa ser compartilhado de imediato. Digerir e elaborar internamente evitam exposições desnecessárias e decisões impulsivas.

A sacerdotisa (arcano 2) no plano emocional

Emoções profundas fazem parte da sacerdotisa. Simbolizada por esse arquétipo, pode se tratar de alguém que carrega dores em silêncio. Mesmo sentindo intensamente, a pessoa tende a evitar conflitos, silenciando o que precisa ser exposto e desenrolado.

A dificuldade em expressar sentimentos e a propensão à mágoa são desafios do arcano 2. Por isso, é necessário estar atenta para não se perder em reflexões, deixando com que o excesso de pensamentos e sentimentos estagne as ações.

A sacerdotisa (arcano 2) no plano material

As atitudes de uma pessoa simbolizada pela sacerdotisa podem demorar e serem discretas, mas se não se perder em pensamentos, tendem a acontecer de forma consistente.

A sacerdotisa não age com pressa nem por impulso. Seu ritmo é gradual, avançando aos poucos, conforme aprofunda sua reflexão.

Conselhos da sacerdotisa (arcano 2)

Observar e tomar conhecimento antes de agir, muitas vezes, nos livram de atitudes impulsivas e exposições desnecessárias.

Respeitar o tempo do silêncio e da reflexão, sem perder o momento de agir e se expressar, é a sacada. 

Quais são as fragilidades do arcano 2?

Como arcano número dois, a sacerdotisa sucede o Mago e antecede a Imperatriz na sequência dos 22 arcanos maiores. Juntas, as cartas formam uma única jornada dividida em ciclos.

Dessa forma, na sacerdotisa, "faltam" aspectos encontrados na Imperatriz, e assim sucessivamente. Por isso, representada por esse arquétipo, a pessoa pode ter dificuldade em interagir, se expressar ou ter jogo de cintura.

A sacerdotisa não é apenas um arcano do tarô, mas um espelho do nosso lado feminino. Ela nos desafia a regular os opostos que coexistem dentro de nós, sabendo fluir com as emoções, nos conectar com a intuição e respeitar o tempo de reflexão.

Se não conhecemos nossas emoções e aprendemos a lidar com elas, podemos ser facilmente dominadas. Quem nunca disse ou ouviu alguém dizendo "agi no calor do momento" ou "não consigo controlar o que sinto"? E quantas vezes vivenciamos situações que, se não fosse a força da emoção, não passaríamos por elas? Aceitar e entender o que sentimos é um passo importante para superar nossas dores e nos preparar melhor para encarar as circunstâncias da vida.

E, então, como anda seu lado feminino?

Marina Jordão é taróloga, publicitária, pós-graduada em Marketing, gestora de conteúdo e idealizadora do Fundamentarô.